Quatro das maiores empresas de Internet do mundo trabalham juntas em um projeto para facilitar a transferência de dados pessoais dos usuários entre serviços digitais. Facebook, Google, Microsoft e Twitter fazem parte do Data Transfer Project (DTP), ou Projeto de Transferência de Dados, em uma tradução livre. Seu objetivo é definir padrões universais para a portabilidade de dados pessoais. Um white paper com as primeiras especificações técnicas de como isso deverá funcionar foi publicado pelo grupo nesta semana (veja aqui).
Hoje, é difícil para uma pessoa transferir seus dados de um serviço para outro. Alguns serviços permitem que você baixe seus dados, mas exportá-los para um concorrente é bem mais complicado ou às vezes impossível. Isso sem falar no custo de banda e no tempo perdido. A proposta com o DTP é que essa transferência seja feita diretamente, de um serviço para o outro, por meio de APIs ou, em alguns casos, de adaptadores, que fazem a ponte entre as duas APIs. Para tanto, é essencial a adoção de uma padronização no tratamento e na organização desses dados, exatamente o que está sendo desenvolvido no âmbito do DTP.
São vários os exemplos de possíveis casos de uso, muitos deles citados no site oficial do DTP. Seguem alguns deles: transferir fotos de uma rede social ou de um serviço de armazenamento de fotos para dentro de um site de impressão de fotos; recuperar uma playlist de um serviço de streaming de música em outro; encontrar seus amigos de uma rede social em outra; passar dados de saúde de um app de monitoramento de atividades físicas para outro etc.
Serão definidos modelos de dados para cada vertical (fotos, música, contatos etc), que deverão ser adotados pelas empresas participantes para facilitar a transferência entre elas.
Análise
A iniciativa do DTP vem ao mesmo tempo em que ganha força entre reguladores e governos ao redor do mundo a tendência de fortalecer os usuários no controle sobre os seus dados. A Europa saiu na frente com a aprovação do GDPR. O Brasil aprovou no Senado legislação similar, inspirada na europeia, e que agora aguarda a sanção do presidente do República. O DTP é uma resposta da iniciativa privada se posicionando a favor não apenas do usuário final, mas também da livre concorrência. Se efetivamente implementada a padronização da portabilidade de dados, será facilitada a entrada de novos competidores em serviços digitais, reduzindo o poder dos próprios gigantes que lideram o projeto. Cabe ressaltar que ainda não foi divulgado um cronograma para o lançamento do DTP.