A era digital trouxe tecnologias como o big data, carros que dispensam motorista, impressão 3D, nanotecnologia e a chamada Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), com enorme potencial para criar novas oportunidades de negócios. E o cenário mundial para investimento nestes setores não poderia ser mais adequado. O comércio global cresceu 18 vezes entre 2005 e 2012, com expectativa de aumentar oito vezes mais até 2025, segundo a World Information Technology and Services Alliance (Witsa). No Brasil, desenvolver tecnologias de informação e comunicação (TICs) mostrou-se uma tarefa árdua, principalmente com as dificuldades de ampliar o acesso à internet em um país de dimensões continentais.
Atualmente, um grande número de países usufruem dos benefícios das TICs, dada a sua capacidade de transformar a economia de uma nação e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. De acordo com o Índice de Preparo em Rede, relatório global de conectividade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, quanto mais conectado, maior o potencial de retorno conseguido com as tecnologias. Este ano, Cingapura teve a melhor classificação no levantamento, entre 143 países. Enquanto isso, em 2013, o Brasil estava na 60ª posição. Já em 2014, caiu para 69ª, e neste ano, ficou na 84ª posição.
"Essa tendência deve ser revertida", sinalizou o secretário-geral da Witsa, James Poisant, em audiência pública realizada na última quinta-feira (17) na Câmara dos Deputados. "Os vencedores da era digital serão os países que estão preparados para tirar o melhor proveito da tecnologia da informação e comunicação. Por preparado, me refiro aos que fornecem acesso digital a todos os seus cidadãos", declarou Poisant.
O secretário-geral apontou a necessidade do governo brasileiro investir com urgência nas TICs. Para isso, o primeiro passo seria ampliar o acesso à banda larga em escala nacional. De acordo com um recente estudo europeu apresentado pelo dirigente, se triplicados os níveis de penetração da banda larga móvel nos países em desenvolvimento, é possível proporcionar um retorno sobre o investimento da ordem de US$ 17 para cada dólar investido.
"Isso ficou ainda mais óbvio em países cujos governos consideram as TICs no centro de todas as suas decisões, porque é justamente por lá onde a inovação florece, novos empregos são criados e a qualidade de vida de toda a população cresce. Uma oportunidade de melhorar significativamente a vida de milhões de pessoas não aparece com tanta frequência", comentou.
MPEs
Estimular atividades que suportam as tecnologias "talvez seja o melhor investimento que qualquer governo possa fazer", na avaliação do secretário-geral da Witsa. Mas para entrar neste mundo, além da banda larga, também é importante investir nas micro, pequenas e médias empresas (MPEs).
"O que essas pequenas e médias empresas inovadoras necessitam é de infraestrutura, investimentos e de apoio, para crescerem e florecerem. Se essas MPEs não tiverem este ambiente, talvez precisarão deixar o País para buscar em outros locais. O que desejamos é que empresas inovadoras permaneçam aqui para criar os próximos Facebook, Apple e Microsoft com selo do Brasil", pontuou James Poisant.
WCIT
O secretário-geral participou da audiência pública na Câmara para apresentar os benefícios que serão trazidos à Brasília (DF), com o World Congress on Information Technology (WCIT), que será realizado em outubro de 2016. Considerado o maior evento de tecnologia da informação, o evento acontecerá pela primeira vez em solo sul-americano. A expectativa é que o congresso atraia mais de 3 mil participantes.
(Leandro Cipriano, da Agência Gestão CT&I)