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O desafio da padronização dos processos e da automação na área da saúde - 12/07/2015

A área de saúde vive em constante crise de financiamento e custeio, ocasionada pelo aviltamento das tabelas de remuneração dos serviços prestados e pela absoluta falta de padronização, tanto da assistência médica, sem os devidos protocolos, quanto da gestão, que sequer conhece os custos dos produtos que vende

http://www.saudebusinessweb.com.br/sbw_artigo.vxlpub?id=98924

Em relação ao aviltamento das tabelas de remuneração vamos separar em dois capítulos: primeiro falaremos das tabelas do Sistema Único de Saúde e depois sobre as tabelas de remuneração do setor suplementar. As tabelas de procedimentos do Sistema Único de Saúde - SUS acumulam mais de 10 anos de sub-financiamento e hoje cobrem pouco mais de 50% dos custos dos hospitais com os procedimentos, significando que ainda não se conhece estratégia de gestão capaz de equilibrar instituições que realizam serviços sem a remuneração mínima para cobrir os seus custos. O resultado disso é o enorme empobrecimento e endividamento da rede prestadora de serviços ao SUS, que deve em média mais de um ano de faturamento.

Já a saúde suplementar, que até 1998 estava de certa forma equilibrada, passou a sofrer as conseqüências da danosa ação do governo que, ao criar a Agência Nacional de Saúde – ANS modificou as regras do mercado, aumentando assustadoramente e compulsoriamente a cobertura dos planos de saúde, sem permitir o reajuste adequado das mensalidades. Se acrescentarmos à ampliação da cobertura, a evolução tecnológica da medicina, que trouxe aumentos dos custos, e o empobrecimento da população, teremos um conjunto de fatores que fizeram com que mais de cinco milhões de pessoas abandonassem seus planos de saúde.

Como forma de sobrevivência, os planos e seguros de saúde passaram a achatar a remuneração dos prestadores de serviços, cujo valor das diárias e de muitas taxas na maioria das vezes também não cobre os custos. A única saída restante para os hospitais é fazer uma ginástica na compra e venda de materiais e medicamentos, itens que em muitos casos já ultrapassam o percentual de 50% do valor total do faturamento.

Para dificultar ainda mais a situação, quase todos os atores do setor de saúde não adotam processos padronizados e sistemas de gestão adequados, permitindo a evasão de parcela significativa de sua produtividade. Estudos indicam que mais de 15% da produtividade do setor é desperdiçada, sendo as suas principais causas: a utilização abusiva dos recursos pelos usuários dos planos de saúde e a falta de mecanismos para inibir e controlar os exageros; a falta de controle dos gastos no atendimento dos pacientes; a falta de cobrança de itens consumidos; a falta do conhecimento dos custos dos procedimentos, impedindo a realização de negociações transparentes com os compradores de serviços (menos de 1% dos serviços de saúde conhecem os custos dos procedimentos ou avaliam os procedimentos de forma padronizada); a falta de percepção dos gestores em relação ao uso da Tecnologia da Informação e os benefícios proporcionados pela sua utilização; e a falta de padrões e protocolos médicos, o que gera grande distorção de conduta e custo dos atendimentos;

Como resultado, temos cada empresa da área de saúde adotando o seu padrão de sobrevivência, com poucos mecanismos para aferir a qualidade da gestão, seja de um setor ou de uma empresa como um todo. E, com isso, ficamos impossibilitados de comparar de forma adequada os custos dos procedimentos realizados, sem considerar que a imensa maioria não sabe qual o norte a seguir e acaba adotando o sistema caixa, gastando aquilo que recebe acrescido daquilo que consegue contrair de endividamento.

Para mudar esse contexto, torna-se necessário que todos os atores do setor de saúde adotem modelos de gestão com processos, protocolos médicos e indicadores de gestão padronizados, que permitam o uso adequado de recursos e a otimização da produtividade, evitando a evasão de receitas. Dessa forma, será possível alcançar a sustentabilidade, garantindo ao cidadão brasileiro uma medicina equilibrada, com qualidade inquestionável, e custos possíveis de serem assumidos pelo Governo e a população.

Paulo Magnus é presidente da MV Sistemas e diretor da ASSESPRO (Associação das Empresas Brasileiras de Software e Serviços e Serviços de Informática).
Email: paulo@mv.com.br



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